NARCOTERRORISMO: UM POÇO SEM FUNDO

Discurso de Agenor Candido Gomes – 05/10/2025
Senhoras e senhores,
A história da humanidade nunca foi uma linha reta. Ela é um emaranhado de desvios, rupturas e encontros inesperados — e, frequentemente, é nos desvios que perdemos o rumo. Nações inteiras têm sido entregues, geração após geração, às mãos de tolos. Não porque estes sejam capazes, mas porque, entre os muitos que votam ou se calam, há uma multidão de idiotas de plantão, moldados por ideologias mortas, repetidas sem reflexão.
E hoje, mais do que nunca, o perigo se renova. Ele já não veste uniformes ou carrega bandeiras. Ele se esconde em estruturas ditas legítimas: em discursos de democracia que não passam de simulacros, em teocracias que negam o sagrado pela imposição do medo, em juriscracias que traem a justiça, em partidos políticos que já não representam o povo, mas sim seus próprios interesses — tudo isso sustentado por constituições fragilizadas, manipuladas em detrimento da cidadania e do bem comum.
Mas há um novo inimigo. Um inimigo invisível, fluido, infiltrado em todos os setores: o narcoterrorismo.
Este não se limita ao tráfico de drogas. É um sistema complexo, transnacional, com tentáculos que atravessam fronteiras, corrompem instituições e compram consciências. Seus operadores aparentes — os traficantes — são apenas peças descartáveis no tabuleiro. Por trás deles estão os verdadeiros senhores do crime: os narcoterroristas.
Com recursos financeiros praticamente ilimitados, operando por meio de empresas de fachada e redes internacionais, sustentam um exército de dependentes econômicos. Alimentam suas vaidades por meio do vício, da prostituição, da corrupção, da pedofilia, do tráfico de animais, do comércio de seres humanos.
Tudo isso não é apenas crime: é projeto.
É sistema.
É poder.
E quem são seus aliados?
Muitos deles, marionetes conscientes ou inconscientes: togados, governantes, parlamentares, empresários, líderes religiosos. Alguns são inocentes úteis. Outros, partícipes silenciosos de uma engrenagem que gira à custa do sofrimento alheio.
Diante disso, podemos nos perguntar: ainda é possível enfrentar esse mal?
Sim, é possível.
Mas o possível, muitas vezes, é apenas o máximo da ineficiência.
Porque o narcoterrorismo não se combate apenas com armas ou leis. Combate-se com coragem, com lucidez, com inteligência estratégica. É uma luta que exige líderes com alma de semideuses — não no sentido mitológico, mas na grandeza moral de quem coloca a humanidade acima do próprio ego.
E não falo aqui de terras distantes.
Falo do Brasil.
Um país que, à deriva, ainda busca sua identidade. Basta olhar para os nossos indicadores: um PIB estagnado, uma educação desmantelada, uma segurança pública acuada, Forças Armadas sem projeto nacional, uma política partidária desmoralizada e governos que não governam — apenas reagem, como bombeiros de um incêndio que nunca se apaga.
Nossa República faliu não por falta de riquezas, mas por ausência de valores. Falimos na honra. Falimos na justiça. Falimos na razão.
E sem dor, sem suor e — acima de tudo — sem plano, não haverá renascimento.
O que se exige de nós, neste momento, não é apenas indignação. É ação.
A história nos chama. E o tempo, senhores, já não nos espera.