Do Rumo ao Destino: a travessia da liberdade

Há entre o rumo e o destino um longo caminho de razão e lógica.
Pergunto-me, todos os dias, para onde vamos — e percebo que a resposta é tão complexa quanto a própria pergunta. Integrar o ser humano, o povo, a evolução, a biodiversidade e a política numa só linha de coerência é quase uma utopia, mas talvez seja precisamente nela que se esconda o sentido.
Ao olhar o Brasil, parece-me impossível vislumbrar um destino que se construa a partir do que hoje se chama de governo. As instituições, antes pilares, tornaram-se sombras que não se reconhecem entre si. Sem líderes que compreendam o significado do servir, a nação inteira deriva, como um navio sem bússola, empurrado por ventos de interesses e calmarias de indiferença.
Até quando o povo — silencioso, anestesiado — suportará seus algozes?
E o mais doloroso: algozes eleitos por ele mesmo, reiteradamente, sem exigir a justa contrapartida — saúde, educação, segurança, alimento, dignidade. Coisas simples, mas que significam o tudo para quem nada tem.

Uma república verdadeiramente austera não é aquela que se isenta de sentimentos, mas a que protege seus filhos, livres de ideologias mortas e preconceitos herdados.
A pior escravidão não é a das correntes, mas a dos que se prendem a conceitos fossilizados, repetidos de geração em geração como se fossem verdades eternas.
E, no entanto, a mentira tem prazo de validade. Num país que alimenta o mundo, a fome ainda é a cicatriz da injustiça — a prova de que o capitalismo, embora vitorioso na aparência, ainda serve mais aos poderosos do que à prosperidade comum. Há quem confunda legalidade com moralidade, e quem chame de ética o que é apenas conveniência.
Mas a liberdade — essa chama que o tempo não apaga — ainda sopra entre nós.
O verdadeiro triunfo do capitalismo não está em acumular, mas em reconhecer a oportunidade como ponte para o crescimento coletivo.
O ar da liberdade se expande pelo mundo civilizado e, cedo ou tarde, tocará todos os povos.
Chamam-na de relativismo; eu a chamo de relati-libertas: a consciência de que a liberdade plena nasce quando compreendemos que prosperar é tornar-se digno de si mesmo.
Agenor Cândido
24 de agosto de 2025